Trindade, Paraty - janeiro de 2011
domingo, 30 de janeiro de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Solidariedade
O relato abaixo recebi por e-mail, de uma amiga. Por chocante, dramático e triste resolvi transcreve-lo aqui.
A pessoa que o escreveu possui, parece, um abrigo para cães. Evidentemente a tragédia humana é maior, por várias razões, mas os cães e outros animais estão conosco e acabam por receber sua cota de sofrimento.
Caso você leia esse relato e possa ajudar, faça isso:
A todos os amigos que se preocuparam,
Todos os cães e eu estamos bem.
Estamos sem luz, sem telefone, internet, sem água (que foi cortada pelo risco de contaminação dos corpos dentro dos rios), poupando bateria de celular.
Entre minha casa e a primeira curva havia 7 barreiras e deslizamentos, mas hoje a estrada já foi liberada para moradores e consegui fazer chegar a ração que havia faltado.
Todos os moradores do meu condomínio deixaram suas casas a pé, a água subiu a uns 2 metros para dentro do condomínio e duas casas que ficavam mais baixas, perto do rio foram varridas com perda de tudo dentro (uma está inteiramente rachada).
Eu fiquei aqui "com os ratinhos do navio".
Minha casa não tem mais cercas pela ação da água e os cães estão presos em um local menor e não entendendo o porquê de não serem soltos.
De hoje para amanhã perto de mim as coisas devem melhorar, talvez com luz e, daí,com celular.
Vim até uma lanhouse para escrever a todos os que foram maravilhosamente incríveis procurando notícias e oferecendo ajuda.
A primeira melhor ajuda que cada um poderá dar é adotar os cães das protetoras de Teresópolis, para que possamos abrir espaço para os que teremos que resgatar. Nem todas as protetoras do estado dariam conta do sofrimento que sei que não vou conseguir descrever para vocês.
A segunda ajuda será certamente financeira, porque estes cães estão paralíticos, fraturados, sendo comidos por bicheiras dos ferimentos e começando a ser apedrejados pela população com medo de doenças ao vê-los em estado desesperador e começando a se atacar entre eles por fome.
Vagam pelas ruas em desamparo sem socorro.
Sinto tanto por estar fornecendo o número da minha conta, e nem tenho ideia do aporte financeiro que será necessário.
Tomara que eu consiga organização suficiente para prestar contas do que foi doado e gasto, mas a esta altura muitas das protetoras agirão sozinhas, muitas estão isoladas e não teremos ajuda para dar conta de cães e contas.
A cidade é o Haiti, nas regiões mais afetadas o cheiro está insuportável, os corpos chegam em caminhões baú, 60, 80 de uma vez. Ou levados pelos moradores que ainda têm carro, em pickups, caminhonetes, fuscas. Não se conseguiu fazer uma contagem oficial, os que foram computados são apenas os que foram reconhecidos. Pessoas passam boiando pelos rios.
Pelas ruas os corpos estão amontodos, ou sob escombros que máquina nenhuma conseguirá retirar. Começam-se a encontrar pés, braços.
Os animais ficaram para trás em casas trancadas, sem comida ou água, ou no alto das ribanceiras despencadas, andando de um lado para outro em desespero, sem conseguir descer.
Os poucos moradores que deixam suas casas arrastando animais desesperados chegam no local onde são recolhidos pela Defesa Civil para decobrir que não poderão levar seus animais para os abrigos. São então abandonados às dezenas neste local.
Tem chovido intermitentemente, mas não forte, mas as próximas previsões são assustadoras.
Os bairros onde sobraram casas em pé serão totalmente evacuados por conta do risco de rompimento da barragem do rio mais afetado. Mais animais estarão sem socorro de qualquer espécie.
Não tenho ideia de como será possível para cada um de nós andar pelas ruas sem poder socorrer a todos.
Ao lado de minha casa é o sítio por onde as pessoas cruzavam o rio para chegar ao outro lado do asfalto, fugindo das catástrofes.
Era como um êxodo de guerra, helicópteros de todas as cores cruzando os céus às dezenas, sirenes a noite inteira, levas de pessoas, sempre em silêncio absoluto, adultos carregando suas crianças e seus bebês, homens vergados sob o peso do que era possível carregar nas costas.
Todos de cenhos franzidos, idosos em passos arrastados, todos com estórias para contar de terrores inimagináveis.
Doem, por favor doem. Qualquer coisa, ou de tudo um pouco.
Faltam, além de todo o básico óbvio na cidade, velas, fósforos, pilhas de todos os tamanhos, lanternas, pasta de dente, fraldas, absorventes femininos, medicamentos, A prefeitura se mobilizou e comprou todo o estoque das farmácias, que, mesmo assim não dá conta, então faltam medicamentos para as equipes de resgate e para os moradores.
Roupas já nem são tão necessárias, nem cobertores, mas lençóis, fronhas e travesserios sim.
O mais necessário é água, muita água, muita água, muita água. Nas casas cujas caixas d'água ainda retêm alguma água, ela tem que ser fervida para diminuir o risco de doenças.
Já existem casos de leptospirose e de tétano, e o número vai aumentar exponencialmente nos próximos dias. A população de ratos nem se esconde mais nestes locais mais atingidos, eles fazem parte do cenário de caos.
Nos abrigs improvisados para os animais, além de ração e medicamentos, pede-se papelão para eles deitarem, potes de sorvete para servir de tigela de ração e água, muito jornal, e correntes, porque é a única forma de mantê-los todos juntos sem que briguem.
As pessoas que se dirigiram espontaneamente aos abrigos da prefeitura e que foram acompanhadas em suas caminhadas de dezenas de quilômetros por seus fiéis animais de estimação tiveram que deixá-los na porta. O centro da cidade está coalhado de cães desnorteados, cruzando as avenidas que, durante o dia têm o trânsito quase parado de tão lento. O perigo maior para eles é à noite, quando vários são atropelados, andando sem saber para onde estão indo.
A cidade hoje está sendo saqueada, pedestres estão apanhando nas ruas.
Acho que perto de minha casa estarei em segurança, mas em minha primeira saída de casa já encontrei um cão que se arrastava na estrada e uma mãe e uma filhotinha que conseguiram não se separar em meio à tragédia. Vamos mendigando lares temporários para eles, mas os corações já estão ocupados ajudando os humanos.
Em minha casa, lotada de animais e com menos espaço, a lama contaminada já provocou seu efeito em diarreias e verminoses em meus cães antes saudáveis, Nos perguntamos como os desnutridos passarão por todas as provações. Caminho pela cidade com mochila nas costas lotada com mais de 5 kg de ração atualmente, tentando aliviar o sofrimento de todos os que não posso ajudar.
O outro lado desta estória é o trabalho incansável e incessante das equipes de todas as procedências, trabalhando madrugadas adentro sem cessar, no breu, na chuva, no risco, nos deslizamentos. São os que liberam estradas, recolocam postes, levam e buscam moradores, doações, resgatam, tratam, socorrem. Nem tem mais cara de trabalho, mas de uma missão em que ninguém para enquanto não estiver concluída.
São repórteres chorando em frente às câmeras por não suportar a visão do que é indescritível.
Soube agora na lanhouse que caíram mais barreiras na minha estrada, não sei se consigo voltar para casa, mas vou tentar pela mata para não deixar mais alguns desassistidos. Afinal um querido escritor não disse que "somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos"?
Vou tentando dar notícias nos próximos dias. O céu está bem carregado hoje.
Minha conta vai abaixo, mesmo que eu não tenha acesso a banco atualmente.
Já ficam aqui meus agradecimentos, porque não sei se conseguirei retornar a cada um de vocês individualmente para agradecer devidamente.
Bradesco
Ag 2801
Cc 5177-2
Meu beijo a vocês, meu obrigada pelo que já fizeram, minha emoção pelo que ainda vão fazer,
Luiza
sábado, 15 de janeiro de 2011
É verão no Brasil - 2
Verão também é sinonimo de chuva, principalmente na região sudeste e nesta, especialmente nas áreas serranas.
Na primeira foto uma névoa persistente em Ibitipoca, capaz de envolver a serra por mais de dez dias direto, já passei um janeiro por lá, onde aos poucos as pessoas foram sumindo e só ficou o Lobo Guará.
Nas outras duas fotos, o rio Paraíba do Sul, cruzando Três Rios, caudaloso durante o período chuvoso. Ainda parece tranquilo por aqui, mas muitas comunidades ribeirinhas já sentem o efeito danoso das enchentes.
Postei estas fotos depois de ver o desastre na região serrana, lugar onde já passei alguns verões e onde é preciso cuidado pois as trombas d'água são comuns e não são nada legais de se ver.
sábado, 8 de janeiro de 2011
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Isso não é "Les cahiers du cinéma"
Dos filmes que vi em 2010, dois foram muito importantes: Film Socialisme de Godard e Life during the wartime de Todd Solondz .
São dois filmes que buscam a compreesão da nossa humanidade. Da política dos Estados e da capacidade de cada um lidar consigo mesmo.
Não sou crítico de cinema e nem entendo muito bem disso, mas esse dois filmes me pareceram importantes.
São dois filmes que buscam a compreesão da nossa humanidade. Da política dos Estados e da capacidade de cada um lidar consigo mesmo.
Não sou crítico de cinema e nem entendo muito bem disso, mas esse dois filmes me pareceram importantes.
O Brasil profundo
Sempre me incomodou essa expressão, o Brasil profundo, porque sempre foi dita por pessoas urbanas que acham que suplantam um outro Brasi,l agrário, dos grotões, pobre.
Para mim o Brasil profundo está em nós. Na construção diária do que somos.
Poderia dizer que o Brasil profundo está até nas aberrações sexuais urbanóides cópias de orgias entre anões russos de uma província distante de Moscou.
Mas seria apenas uma bobagem pseudo literária.
Hoje, no calçadão da rua Halfeld em Juiz de Fora vi um grupo de Folia de Reis. Nem sabia que em JF ainda existia isso, achava que era só no estado do Rio.
Infelizmente não tive como fotografar.
Pensei, ali, no Brasil profundo, do povo, que somos cada um de nós e do qual falar como se fosse algo distante é um esnobismo barato.
Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu.
Para mim o Brasil profundo está em nós. Na construção diária do que somos.
Poderia dizer que o Brasil profundo está até nas aberrações sexuais urbanóides cópias de orgias entre anões russos de uma província distante de Moscou.
Mas seria apenas uma bobagem pseudo literária.
Hoje, no calçadão da rua Halfeld em Juiz de Fora vi um grupo de Folia de Reis. Nem sabia que em JF ainda existia isso, achava que era só no estado do Rio.
Infelizmente não tive como fotografar.
Pensei, ali, no Brasil profundo, do povo, que somos cada um de nós e do qual falar como se fosse algo distante é um esnobismo barato.
Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu.
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