Depois de ler o texto do Zuenir Ventura, no Globo de sábado, não tive como parar de pensar na exposição Humanidades 2012, de bia Lessa, no Forte de Copacabana. Precisava ver. Por isso resolvi que o domingo seria o ideal para me dedicar a ver e pensar os conceitos propostos na exposição.
Mas ao chegar em frente ao forte, lá pelas 11:30 da manhã, deparei-me com uma fila enorme, que se arrastava por toda Francisco Otaviano.
Fiquei sem coragem de enfrentar aquela fila e ao mesmo tempo frustrado. Estava ansioso por aquela experiência, ainda mais por que ao me aproximar do forte pela prais de Copacabana, ia lendo os letreiros luminosos que lançavam frases de artistas e filósofos pelo ar daquela manhã e numa delas, li algo como que dizendo que a vida é inobjetável, enquanto formos lançados no turbilhão do ser. Peço perdão por estar resumindo a frase a minha modas, mas era uma fase muito complexa que posso traduzir assim. Era uma frase de Heidegger. Heidegger está vivo na Rio + 20. Assim como Leminsky, Rimbaud e outros.
Fiquei pensando no inobjetável Heideggeriano e acabei pensando na forma como nos relacionamos com o mundo hoje em dia. Nossa adoração pelo consumo, e nisso, se escapar alguém é muito pouca gente e no nosso país, que se sente agora levantando de sua pobreza atávica, isso se dá de forma radical, pois parece que a felicidade que sempre ouvimos falar, que só existia no capitalismo avançado, só se dá através do consumo.
Levar objetos para casa, não é de certa forma, tornar-nos objetos dos objetos?
E foi divagando assim, que caminhei por Ipanema, conversando com uns amigos... Depois de deixa-los resolvi ir até o aterro do Flamengo, na Cúpula dos Povos, onde poderia continuar a pensar sobre nosso malfadado planeta nesse século iniciante, e pensar que a revolução industrial foi outro dia...
Na cúpula o ambiente era de total mistura, congraçamento e alegria, se você só ficasse passeando pelos jardins dos aterro, mas se você entrasse em algumas das tendas onde os debates estavam acontecendo a coisa mudava um pouco.
Parei na tenda onde um grupo de índios discutia suas questões e reivindicações que pretendem levar ao secretário geral das Nações Unidas. Uma discussão complicada porque uma parte do grupo ainda não havia chegado e eles não sabiam onde esses se encontravam, ao mesmo tempo havia índio de diferentes partes do Brasil e as questões de grupos do sul são diferentes de grupos do Rio ou do Xingu, mas todos puderam se inscrever e falar livremente e achei interessante que muitas senhoras indias já com idade avançada, levantassem e tomassem da palavra para reivindicar por seus povos.
Fiquei realmente emocionado ao ver lideranças femininas e jovens em meio aos caciques com seu cocares lindamente coloridos. Aliás a arte do cocar é um capítulo à parte.
Mas no decorrer do debate o que fica claro e isso é dito por um dos líderes indígenas é que as questões indígenas fora "relegadas" a uma tenda na cúpula, no aterro do flamengo, ao invés de terem sido levadas para os debates centrais no Rio Centro, na Barra da Tijuca, onde segundo um outro indio, os tubarões vão se encontrar.
E se pensarmos bem o índio está certo, porque por trás da questão indígena, está o alto desmatamento, as hidrelétricas, a soja transgênica, a expansão do gado por áreas de floresta e por aí vai.
A todo momento eles lembravam que tudo isso está ligado aos acontecimentos de 500 anos atrás...
Saí do aterro um pouco melancólico e menos otimista do que quando cheguei e vi tanta gente querendo mudar o mundo...
Isso não é tarefa fácil, quiçá seja para humanos...
Depois tem mais sobre a Rio + 20.