terça-feira, 7 de março de 2017

Da poesia cotidiana


Painel povos originários - Rio de Janeiro - região portuária




quinta-feira, 2 de março de 2017

A codorna no jardim



Não vou falar de florestas.
Vou falar de um jardim.
Um jardim é tão denso quanto uma biblioteca.
É um registro planetário já que ali está desde a mais importante árvore ou arbusto  até  a mais simples das ervas daninhas, que escapou ao olhar atento do jardineiro e permanece lá, como registro da história da vida.
Um jardim pequeno numa casa em Três Rios, ou construído sob criterioso olhar de um paisagista pode nos revelar todo um mundo.
Além das plantas o jardim, porque vivo e falante, chama insetos, pássaros, invertebrados, pequenos mamíferos, crianças, suas mães e as vezes seus pais.
No pequeno jardim, que para mim é tão infinito quanto uma biblioteca recebi a visita de uma pequena codorna, ave que nem me lembrava que existia,ave amarronzada, sem a graça dos canários ou o fashionismo das saíras.
Uma ave comum e ao mesmo tempo incomum.
Uma codorna.
Uma ave comestível, pensei, sem querer come-la é claro, até porque é preciso uma fome gigantesca para comer tão ínfimo animal. Muitos a tem e sinto por isso (eu vi eu, Daniel Blake eu sei o que muitos servidores do estado do Rio estão passando).
A simples codorna me trouxe um sentimento de plena alegria, de cuidar de me dispor a entender, afinal o que ele queria, por que e como chegara ali.
Codorna voa? Não vou procurar a resposta no google 
A codorna, sem saber me dispôs ao mundo ao meu redor, mundo esse que estou careca de conhecer, mas que é sempre possível ser redescoberto e talvez tenha feito que aquele mundo me redescobrisse.
e agora então serei piegas: o mundo é assim, quando você olha para ele ele olha para você.
Mais tarde percebi que assim como apareceu a codorna desapareceu do jardim.
Senti uma leve melancolia.
Volte sempre codorna!