Leio um interessante livro sobre o tráfico de escravos para o Brasil. Como é um livro acadêmico os autores evitam a perplexidade diante daquela diáspora e também holocausto.
Mas sempre me choco com aquele acontecimento grandioso, épico mesmo, mas que é doloroso, pois ali, antepassados de tantas pessoas sofreram em favor do enriquecimento de nações e pessoas cujos escrúpulos eram insensíveis àquelas atrocidades, dentro da lógica que eles escolheram, porque podiam ter feito outras escolhas.
Não se pode julgar o passado, dizem os historiadores, temendo o anacronismo.
Mas não se trata de julgar, embora haja uma reparação a ser feita, uma conta a ser paga, pois o passado não passa simplesmente.
Olho meus alunos enquanto fazem suas tarefas em sala. É bem melhor ver esses jovens estudando, jovens de todas as cores do que imagina-los no nosso triste passado escravista.
Dá um certo conforto imaginar quantas possibilidades eles têm pela frente.
Volto a pensar em Beatriz e ela também estará numa sala de aula e isso conta muito para o futuro.
mas não sejamos ingénuos. A escravidão está aí, a exploração, a violência, basta ver o noticiário e isso em qualquer estado do Brasil.
Jovens em risco, os que defendem a floresta estão em risco, a liberdade de expressão está em risco.
Temos muita coisa para defender e as praças estão vazias.