sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ônibus

Fui de Nova York para Washington de ônibus. Tranquilo, quatro horas de viagem, um ônibus de boa qualidade, ar condicionado, afinal lá fora a temperatura beirava os 42 graus.
Mas já na "rodoviária" de NY, intuí que algo não era exatamente como eu pensava.
Parece que estou intuindo a posteriori, mas não é verdade...
Quando cheguei em Washington vi que "rodoviária" era a de NY, dali para a frente não haveria mais nada tão tranquilo e organizado. Primeiro que parece que a rodô é particular, pertence a empresa de ônibus no caso a Greyhound, que sempre curti por causa do cachorrinho correndo, algo que em tempos passados a Útil, se bem me lembro imitava aqui no Brasil, nem fiquei sabendo se existem empresas concorrentes. Deveriam existir, não é esse o espirito do capitalismo?
O fato é que de Washington seguiria de ônibus ( trem é super caro), para Orlando, na Flórida, mas jamais imaginaria que a viagem pudesse ser tão louca.
Concordo que há um dado de insanidade em viajar esses quase 1800 km de ônibus, num país cuja língua eu não domino como a minha e pasando por estados cuja história não é das mais tranquilas, mas a bossa era essa, ver como saõ esses lugares.
Mas não havia õnibus direto, era necessário fazer baldeações (que palavra da minha infância, quando ia de Juiz de Fora para Oliveira e a baldeação era em Belo Horizonte), assim fui aos poucos em direção à Flórida, passando por cidade como Richmond, Raleigh, Fayeteville, Savanah (essa sim histórica, bonita mas sem o apelo barroco de uma Ouro Preto ( sempre procuramos por nós mesmos, não é verdade? - Narciso acha feio o que não é espelho - obrigado Caetano).
Desde Richmond os ônibus eram péssimos, feios, qualquer ônibus Três Rios - Juiz de Fora é um luxo.
Tive a impressão que a partir de Washington, ônibus era coisa de pobre, afro descendente e turista desavisado e que por isso o investimento nesse tipo de transporte não era prioridade, por que seria na terra do automóvel?
Acabei vendo cenas relativamente chocantes, eu que sou um usuário de ônibus intermunicipais no Brasil - ( ônibus urbano aqui também passa pela mesma questão, é para pobre, portanto é um investimento não prioritáio nas nossa cidades fascistas - sim fascistas, quando o povo é visto só como gado - me exaltei, mas o transporte público brasileiro me irrita...)
Mas cheguei na Flórida, terra dos jardins.
Tenho outras histórias sobre ônibus na América, depois eu conto.

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