Num acidente, minha máquina fotográfica caiu da cadeira no hotel.Fiquei atônito ao descobrir que ela, desde aquele momento estava feridade morte, em terra estrangeira. Senti que perdia paisagens, gentes, sorrisos e olhares.
Mas não dizem: ninguém é insubstituível? Por que uma mera máquina, conjunto de peças dispostas entre si de tal forma, que registram as luz e apenumbra, não seia substituível?
Fiquei a tal coisa. Por que não? Saí então pelas ruas da cidade procurando uma de tantas casas de eletrônicos que encontrei. Eram muitas e muitos turistas e não turistas dentro e ofertas e coisas incríveis por preços tão vantajosos.
Mesmo querendo comprar uma nova, levava a velha na mochila e sempre perguntava se para ela haveria uma segunda chance, um ressucitamento inesperado. Ninguém arriscava uma resposta positiva e um vendedor mais conforme aos nossos tempos de feliz consumo descompromissado com o futuro, soltou a pérola: - joga fora e compra outra.
Não sei fazer isso, comprei uma pequenina, apenas para registrar os tantos dias de viagem que faltava cumprir, mas confess que sem o prazer de ouvir o clique vigoroso da minha velha e boa, mas digital, fique claro, máquina de fotografar.
Voltei para o Brasil e encontrei uma loja em Juiz de Fora que a trouxe de volta à vida.
Por isso esse blog esteve tão parado, sentia falta da máquina complementar os textos e també porque queria poder escrever um texto contra o joga fora degenerado desses tempos de consumo. Consumo que se estende de coisas a seres. Da matéria ao espirito.
Taí minha máquina de volta.