quinta-feira, 7 de abril de 2011

No Rio com Laurie Anderson

Estou no Arco do Teles, na Toca do Baiacu, um bar que parece que acabou de ser inaugurado.
Tipo de gente: universitários modernos, coroas com- cara-de-quem-tem-dinheiro-e-vão-ficar-bêbados-já, homens de meia idade-que-parecem-que-vão-soltar-um-palavrão-agora.
Não posso deixar de rir, porque me sinto bem aqui, mesmo parecendo o Lula Molusco querendo tocar clarineta, pois escrevo no moleskine última palavra em-quero-parecer-antenado.
Acabo de sair da exposição da Laurie Anderson no CCBB. Uma experiência sensorial, com textos poéticos sobre o estar no mundo, na cultura patriarcal e militarista americana. Sobre a predomiância do desejo masculino, visto como algo infantil ou cômico.Ssobre a sociedade de consumo onde a felicidade é comprada na forma de pílulas de prozac.
Há momentos incriveis na exposição como as fotos onde ela dorme em lugares públicos para saber se esses lugares influenciarão em seus sonhos e isso gera grandes questões políticas.
Acompanho, há aqui certo exagero, é claro, a carreira de Laurie Aderson desde os anos 80, sempre adorei Big Science, o disco, assisti seu show no finado Canecão: The home of brave, inclusive vi o filme baseado naquele show.
De repente num domingo (há aqui uma citação) leio Caetano falando sobre a tal exposição e não tive dúvidas, desci a serra. Realmente é especial estar diante de uma artista que faz elaborada pesquisa sonora e visual e que parece antes de tudo, honesta.
Nesse momento toca o celular de alguém, aqui na Toca do Baiacu e a nota musical é a Cavalgada das Valquírias de Wagner.
Laurie Anderson notaria isso e descreveria na forma de um pesadelo.
Mas pesadelo mesmo é a forma como alguns trabalhadores que lidam com o público agem. Agem com grosseria, como se estivessem fazendo um favor e isso acaba depondo contra a cidade, pois as cidades são seus habitantes. Digo isso pois deparei-me com alguns desses no Rio, mas vejo isso em Três Rios e Juiz de Fora e em muitas outras cidades por onde ando, especialmente no trânsito, porque o motorista é antes de tudo um animal selvagem descabeçado, tipo um javali, esse erro de design, desculpem-me javalis, foi exagero.
Bom estou no trânsito (18/19 hs) em direção a rodoviária, a mais perfeita tradução de insanidade e no entanto deparo-me com um educaíissimo motorista da linha Pavuna /Castelo (acho), e até me senti tranquilo.
De qualquer forma grande cidade é o Rio, por toda essa loucura e as coisas que vi e nem há como comentar aqui.
Mas o Rio ainda tem um longo caminho a percorrer até... até nada, pois somos o que somos.
Me sinto assim, como sendo o Rio de Janeiro.
Te encontro de novo Laurie, quanto ao Rio, tamos aí.

1 comentários:

Anônimo disse...

Ah, o Rio. Tudo de bom. De se ver, sentir e pulsar. O Rio não é para principiantes. Por isso ele é nosso. Bj. Joana

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