Antes de ir

Penso na necessidade, inventada, de viajar. Preciso viajar. Quero conhecer tal lugar. Por que mesmo? Porque dizem isto ou aquilo de lá. Se não for não vai me acontecer exatamente nada, apenas uma frustração passageira, passageira notaram, uma frustração que passa por mim. Acho que para não ser viajado por ela, viajo eu.
Mas mesmo isso é pouco para explicar o fato de nos dispormos a seguir todos os trâmites que antecedem a viagem e o pior de todos que é arrumar a mala, mas disso Fernando, Álvaro de Campos, Pessoa já falou muito melhor do que eu poderia. "Adiar todas as viagens", principalmente a derradeira, aquela na qual ninguém quer embarcar.
Existe uma tensão pré viagem, que nos leva ao: "_ vou desistir" ou "_ e se eu desistisse e ficasse em casa, lendo um livro, cuidando do jardim",  ou seja lá o que fosse. Mas estes atos banais, não nos trazem a compensação que esperamos encontrar nas viagens, no sair, no perder-se além do horizonte que pode se ver da nossa janela.
Queremos, simplesmente, ir. Ir e com isso dizernos, a nós mesmos, alguma coisa.
Claro que não estou falando de uma viagem, como as que fazemos entre duas cidades, às quais estamos ligados, como no meu caso Três Rios e Juiz de Fora ... mas mesmos essas viagens podem nos revelar surpresas. Sempre espero por elas. Sou um disposto aos fatos.
Depois voltar, fazer o relato. reaparecer como que avisando que aquela invisibilidade nos deu mais substância. Viajar torna-se, então, afirmativo, como tantas outras ações também o são.
Por fim não dá para desistir, agora mesmo é que me ponho a prova das minhas dúvidas, medos, desejos...
No meio da viagem, só resta ir mesmo...
De repente penso que as viagens são pequenas metáforas sobre a vida.
 Melhor ir até o fim e ver o que foi que valeu e se o que não valeu, valeu também.
Até a proxima postagem.