Cheguei em Cusco, lá pelas onze da noite, depois de uma viagem muito ruim.
O motorista de taxi me deixou num hostal do qual, mais tarde, saí para procurar algo para comer e nesse caminho me deparei com o Qorikancha.
O Qorikancha é o antigo templo do sol, que os espanhóis destruiram para construir um mosteiro dominicano.
Na verdade a base ainda é o antigo templo do sol inca.
É incrivel ver o processo de dominaçao de um império sobre outro.
Não temos isso no Brasil.
Fiquei ali parado vendo a história como pedra.
Sei que a história vai além disso, mas o concreto choca pela visibilidade e também quando o povo passa por nós e os guias turísticos vão contando suas histórias de forma anacrônica.
A história dos Incas é um mistério, mesmo que possa ser contada de forma simples pela arqueologia e pelos manuais de história. Os quipus foram destruidos. Eles não tinham lingua escrita e nem mesmo se sabe, ao certo, se falavam quechua.
O professor da Yale, que chegou em Machu Picchu, em 1911, Hiram Bingham, em seu livro, Acidade perdida dos Iincas, sem tradução em português, possui teorias interessantes, mas muitos arqueólogos e historiadores contemporâneos discordam.
Num outro dia entrei num taxi para o terminal de ônibus. O motorista sacou que eu era gringo e me fez perguntas.
Ao dizer que era do Brasil, ele sorriu e perguntou o que estava achando. Como sou um deslumbrado, disse que era tudo maravilhoso. Ele se mostrou interessado e disse que era uma pena os espanhóis terem destruido tanta coisa. Concordei. Ele, então, fez uma saudação em quechua.
Como que para mostrar que eu entendia onde ele queria chegar, disse que nós, os turista, eramos a continuação da invasão espanhola. Ele riu satisfeito. Saí do carro e quando ele já dobrava a esquina vi que na minha mão, fechada, estavam os três soles, com os quais deveria ter pago a corrida.
Tentei chama-lo, acenando. Ele sumiu no trânsito caótico.
Ri e fiquei pensando se aquele encontro significara algo.
Talvez fosse o link entre o primeiro e o último parágrafo desse texto.
Caminhei sorrindo entre as cabines da rodoviária de Cusco.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
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2 comentários:
Bonito texto Helion, seria uma crônica???? Ou texto narrativo informativo??? Adorei e já percebi qeu vou aprender muito entrando em seu blog. Seus alunos devem adorar vc, beijos. Elisa
AMEI O TEXTO E A MANEIRA COMO DESCREVEU TUDO.
VOU CONTINUAR PASSANDO POR AQUI JÁ SEI QUE ENCONTRO UMA BOA LEITURA A MINHA ESPERA.
ANA LUCIA (SECRETARIA)
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